quarta-feira, 21 de outubro de 2009


As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu porém, terás estrelas como ninguém... Quero dizer: quando olhares o céu de noite, (porque habitarei uma delas e estarei rindo), então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem sorrir! Assim, tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo (basta olhar para o céu e estarei lá). Terás vontade de rir comigo. E abrirá, às vezes, a janela à toa, por gosto... e teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!

Antoine de Saint-Exupèry


E foi então que apareceu a raposa:
__Bom dia,disse a raposa.
__Bom dia,respondeu polidamente o principezinho,que se voltou,mas não viu nada.
Eu estou aqui,disse a voz,debaixo da macieira...
__Quem és tu? perguntou o principezinho.Tu és bem bonita...
__Sou uma raposa, disse a raposa.
__Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
__Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
__Ah!desculpa, disse o principezinho.Após uma reflexão,acrescentou:
__Que quer dizer "cativar"?
__Tu não és daqui,disse a raposa.Que procuras?
__Procuro os homens,disse o principezinho.Que quer dizer "cativar"?
__Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bemincômodo! Criam galinhas também.
É a única coisa interessante que eles fazem. Tu procuras galinhas?
__Não,disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
__É uma coisa muito esquecida,disse a raposa.Significa "criar laços...".
__Criar laços?
__Exatamente,disse a raposa.Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual
a cem mil outros garotos.E eu não tenho necessidade de ti.E tu não tens necessidade de mim.
Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas.
Mas se tu me cativas,nós teremos necessidade um do outro.Serás para mim único no mundo.
E eu serei para ti única no mundo...
__Começo a compreender,disse o principezinho...Existe uma flor...eu creio que ela me cativou...
__É possível,disse a raposa.Vê-se tanta coisa na Terra...
__Oh!não foi na Terra,disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
__Num outro planeta?
__Sim.
__Há caçadores nesse planeta?
__Não.
__Que bom.E galinhas?
__Também não.
__Nada é perfeito,suspirou a raposa.
Mas a raposa voltou à sua idéia:
__Minha vida é monótona.Eu caço galinhas e os homens me caçam.Todas as galinhas se parecem
e todos os homens se parecem também.E por isso me aborreço um pouco.Mas se tu me cativas,
minha vida será como que cheia de sol.Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros.
Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.O teu me chamará para fora da toca,como se fosse música.
E depois,olha!Vês lá longe,os campos de trigo?Eu não como pão.O trigo para mim é inútil.Os campos de
trigo não me lembram coisa alguma.E isso é triste!Mas tu tens cabelos cor de ouro.Então será maravilhoso
quando me tiveres cativado.O trigo,que é dourado,fará lembrar-me de ti.E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
__Por favor...cativa-me!disse ela.
__Bem quisera,disse o principezinho,mas eu não tenho muito tempo.Tenho amigos a descobrir e muitas coisas
a conhecer.
__A gente só conhece bem as coisas que cativou,disse a raposa.Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa
alguma.Compram tudo prontinho nas lojas.Mas como não existem lojas de amigos,os homens não têm mais
amigos.Se tu queres um amigo,cativa-me!
__Que é preciso fazer?perguntou o principezinho.
__É preciso ser paciente,respondeu a raposa.Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim,assim,na relva.Eu te olharei
para o canto do olho e tu não dirás nada.A linguagem é uma fonte de mal-entendidos.Mas,cada dia,te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
__Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa.
Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu
começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz .Às quatro horas então, estarei inquieta
e agitada: descobrirei o preço da felicidade!

Antoine de Saint-Exupèry

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A Luz que Acende um Olhar.


A luz que acende o olhar
Vem das estrelas no meu coração
Vem de uma força que me fez assim
Vem das palavras
lembranças e flores regadas em mim.
O tempo pode mudar
A chuva lava o que já passou
Resta somente o que eu já vivi
Resta somente o que ainda sou.
A luz que acende o olhar
Vem pelos cantos da imaginação
Vem por caminhos que eu nunca passei
Como se a vida soubesse de sonhos que eu nunca sonhei.
Vem do infinito, da estrela cadente
Do espelho da alma
Dos filhos da gente
De algum lugar
Só pra iluminar.
A força vem de onde eu venho
De tudo que acende e a vida calada
Me olha, e entende o que eu sou
Tudo o que é maior
Vem do amor, vem do amor.
A luz que acende o olhar
Vem dos romances que viram poesia
Vem quando quer, se quiser, se vier
Vem pra acender e mostrar o amor que a gente não via.
Vem como um passe de pura magia
Como se eu visse e jurasse que há tempo já te conhecia.
Vem do infinito, da estrela cadente,do espelho da alma
Dos filhos da gente,de algum lugar só pra iluminar.
A força vem de onde eu venho
De tudo que acende e a vida calada
Me olha e entende o que eu sou
Tudo que é maior,vem da luz que acende o olhar
Vem das histórias que me adormeciam
Vem do que a gente não consegue ver
Vem e me acalma, me traz e me leva pra perto de você...
E me leva, mais pra perto de você.